PALAVRAS COM ALMA
Quero que todos os dias do anotodos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anteriore no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa colecção de objectos de não-amor.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
1 comentário:
De cinco em cinco minutos?! Tem dó... que saco... não há quem aguente. Basta uma vez, o resto a gente vê nos olhos, sente na pele. O dia todo: te amo, te amo, te amo... qual é? Nem velhinho mouco aguenta.
Mas o sentir é bom. Não há nada melhor do que se sentir amado. Isso sim... :)
Gostei do blog destas duas menininhas, principalmente dos poemas (ainda mais do meu conterrâneo). Pode ser pouca letra mas é muito sentimento. Voltarei a passar por cá. Continuem o bom trabalho.
Laranja Tropical
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