Um encontro feliz com a auto-estima

ANÁLISE LITERÁRIA - Infantil


“André diz Não!” é a mais recente novidade infantil das Edições Nova Gaia.
Da autoria de Chantal van den Heuvel e com ilustrações de Nancy Pierret, este livro (traduzido por Salomé Castro) conta a história de André, que tem um amigo: o Bruno. Mas o Bruno é muito mandão e, com medo dele, o André faz tudo o que o amigo ordena. “Tenho de aprender a dizer não”, pensa o André. Em frente ao espelho, ele ensaia: “Não, Não, Não”. Mas, em frente ao Bruno… só consegue dizer: “Sim, claro!”.
O livro aborda uma cenário recorrente nas brincadeiras de crianças: os mais “fortes” impõem a sua vontade aos mais “fracos”. “André diz Não!” é um incentivo à afirmação e um encontro feliz com a auto-estima. Tem 32 páginas e está à venda por 9,50 euros.

"Munique", o filme e o livro

ANÁLISE - filme/livro

“Munique”, filme do cineasta norte-americano Steven Spielberg estreado em Portugal em Fevereiro de 2006 e candidato aos principais Óscares da Academia de Hollywood, relata o atentado perpetrado por terroristas palestinianos contra atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de 1972, na Alemanha, e as suas consequências, particularmente a resposta à letra por parte de Israel.
A película, que conta com as interpretações de Eric Bana, Geoffrey Rush e Daniel Craig (o novo 007), entre outros, tem espoletado alguma polémica, já que surgiram acusações de que não segue à risca a obra onde se inspirou, o livro “Munique – A Vingança”, recentemente editado entre nós pela Ulisseia.
Quanto à qualidade cinematográfica de “Munique” pouco há a apontar, já que é, sem dúvida, um filme cativante, envolvente e bem feito, com um realismo notável (parece que estamos mesmo nos anos 70) e que não se dispersa apesar da grande diversidade geográfica em que decorre acção – Londres, Paris, Atenas, etc. Entre a espionagem e o terrorismo não faltam focos de interesse que fazem com que os 160 minutos do filme decorram com naturalidade.
Parecendo por vezes um documentário, no que de positivo tem esta comparação, “Munique” é um filme a não perder, nomeadamente pelo seu interesse histórico. As relações conturbadas entre Oriente e Ocidente tiveram neste acontecimento – que resultou na morte de onze atletas israelitas e de diversos terroristas palestinianos – um dos seus pontos cruciais podem ser melhor compreendidas se se vir a obra de Spielberg.
Mas, a quem quiser saber mais detalhadamente o que ocorreu em Munique e, especialmente, no pós-Munique, aconselha-se a leitura de “Munique – A Vingança”, de George Jonas. O livro, que já em 1986 havia dada origem ao filme “Sword of Gideon”, de Michael Anderson, conta a história segundo a perspectiva do agente da Mossad (serviços secretos de Isreal) “Avner” (no filme de Spielberg interpretado pelo australiano Eric Bana) que, com apenas 26 anos, foi escolhido pela presidente Golda Meir para liderar a equipa encarregue de eliminar os mentores do atentado de 1972. “Munique - A Vingança” descreve detalhadamente como decorreu toda a operação contra os responsáveis palestinianos e leva o leitor a entrar no mundo do terrorismo e da espionagem, mas em duas vertentes. Se por um lado mostra como “funciona” um agente secreto, eficaz, impiedoso e frio, por outro também expõe o seu lado humano, quando dá por si a utilizar, para combater o terrorismo que tenta castigar, as mesmo armas e tácticas que os “castigados”.
“Munique – A Vingança” tem 392 páginas e está à venda por 22,99 euros.
O autor desta obra, o jornalista e escritor George Jonas, nasceu na Hungria em 1935 mas vive no Canadá desde os 21 anos. Neste país trabalhou na emissora pública, a CBC, até 1985, ano a partir do qual passou a ser jornalista freelancer. Paralelamente, desenvolveu uma carreira de escritor de romances, peças de teatro, poesia, assim como de produtor de televisão.