Crónicas de Orlando Castro dão vida ao livro "Alto Hama"

LITERATURA - lançamento

No final de Setembro será apresentado na Casa de Angola de Lisboa o livro “Alto Hama – crónicas (diz) traídas” de que é autor o jornalista e historiador angolano-português Orlando Castro.
Trata-se de uma edição da Papiro Editora com o apoio da Casa de Angola e engloba algumas crónicas publicadas no principal órgão informativo lusófono da net, o Notícias Lusófonas
na secção que dá nome ao livro (Alto Hama). O prefácio da obra é de Eugénio Costa Almeida, Mestre em Relações Internacionais e Doutorando em Ciências Sociais.

O autor
Orlando Castro nasceu em 1954, em Angola. Como jornalista, deixou na sua terra natal colaboração dispersa em vários periódicos e no Rádio Clube do Huambo.
Em 1975, ainda em Angola, publicou o livro de poemas “Algemas da Minha Traição”, livro editado pelo Artoliterama.
Em Portugal, para onde veio em finais de 1975, colaborou com vários jornais, nomeadamente “O País”, “Templário”, “Vida Social” e “O Primeiro de Janeiro” (do qual foi editor, na secção de Economia). Integra, desde 1991, a redacção do “Jornal de Notícias”.
Em 1995 publicou “Açores – Realidades Vulcânicas” (com o apoio da Casa dos Açores do Norte), a que se seguiu (em 1997) a peça de teatro “Ontem, hoje e… amanhã?”, numa edição da Comissão de Jovens de Ramalde. No ano de 2001 veio a lume “Memórias da Memória”, com prefácio de Arlindo Cunha. Tem colaboração dispersa em várias publicações internacionais, nomeadamente do Brasil e de Angola.

Vida de cão...

REALIDADE CRUA

Um caso de amor. Tudo começou no dia 4 de Dezembro de 1995 na porta traseira do Centro Comercial Brasília, no Porto. Foi amor à primeira vista. Hoje, continuo apaixonada pela sua sensibilidade, inteligência, mas sobretudo pela sua dedicação.
Tinha cerca de dois meses de idade. Abandonada, circulava em redor das pessoas mendigando atenção. Conquistou-me. Como ela tantos outros são abandonados. Muitos encontram a morte nos canis camarários e a maioria acaba por morrer à fome ou nas estradas, enquanto vagueiam pelas ruas em busca de alimento e de abrigo.
Em Portugal estima-se que mais de 10.000 animais são abandonados anualmente. As associações zoófilas que recolhem animais já há muito ultrapassaram a sua capacidade de alojamento. O mau/deficiente tratamento dispensado acaba por ser uma inevitável consequência.
Época de férias... pois!
Para além do sofrimento e degradação física, o abandono provoca graves danos psicológicos no animal. Arrancado de um contexto que naturalmente atenua os seus instintos básicos de sobrevivência (como a busca de alimentos) e apura a sua afectividade pelos donos, o animal (sobretudo o cão) entra em sofrimento.
A penalização dos donos pelo abandono não é ainda uma realidade no nosso país. O sistema electrónico que determina a introdução nos animais de um microchip que permita identificar cada animal pela raça, data de nascimento e respectivos donos, parece ser a mais sustentável via para providenciar a responsabilização.
A identificação electrónica de animais de companhia iniciou-se, na Europa, há mais de 15 anos, nomeadamente em países como a Bélgica, Dinamarca e Espanha. Ao promover uma identificação animal correcta e eficaz, potencia a responsabilização dos proprietários dos animais, contribuindo, assim, para a diminuição do abandono.
O microchip é constituído por um código exclusivo e inalterável, gravado a laser e encapsulado num vidro cirúrgico, que tem o tamanho de um bago de arroz, com aplicação por via subcutânea.
Em Portugal a colocação do microchip é já obrigatório nas raças consideradas perigosas (Decreto-Lei n.º 312/2003 de 17 de Dezembro de 2003). A legislação prevê a total obrigatoriedade a partir de 2008.
Está a cargo do Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários a criação e gestão de um banco de dados com a identificação dos animais de companhia: SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO E REGISTO ANIMAL – SIRA/SNMV.
Ainda na crescente (e feliz) lógica que visa conferir maior dignidade aos nossos amigos animais há que realçar o passaporte veterinário. Trata-se de um pequeno livro azul com as doze estrelas da União que visa provar a boa saúde do animal, a sua situação legal ou os exames clínicos realizados. Na prática, o objectivo é harmonizar o documento veterinário dos animais domésticos, substituindo assim 25 documentos nacionais diferentes, onde deve constar obrigatoriamente a vacina contra a raiva.
O documento é obrigatório para os animais que viajem na União Europeia em qualquer circunstância, incluindo pelas fronteiras terrestres, cujo controlo pode ser feito pela polícia do Estado-membro de acolhimento.
A excepção a esta regra acontece no Reino Unido, Irlanda, Suécia e Malta, onde as regras veterinárias são mais rigorosas e a simples existência do documento não é suficiente para garantir a entrada no país.
ANÁLISE LITERÁRIA
"O Cão Vermelho"
Por fim, não posso deixar de sugerir uma leitura "O Cão Vermelho" (Edições ASA). Louis de Bernières encontrou nele fascínio suficiente para lhe dedicar o seu talento de escritor. As histórias relatadas são baseadas na realidade a partir de uma recolha cuidada.
O Cão Vermelho marcou a vida de muitos. Não porque fosse um cão-herói capaz das mais arriscadas façanhas ou salvamentos. Fiel a si próprio, o Cão Vermelho ficou na história pela sua solidão tão imensamente preenchida. Quem ama os animais não duvida do enredo. Quem não ama, com certeza, assegura o respeito.
Porque os animais são nossos amigos... e sentem.